domingo, 13 de março de 2011

RURALISMO NO CONGRESSO

A questão colocada pelo Danilo, acerca de quais são os interesses, e principalmente de QUEM são os interesses defendidos pela bancada ruralista dveria ser a questão a ser colocada pelos eleitores da imensa bancada ruralista no Congresso Nacional. Esta bancada possui um efetivo de 158 parlamentares, sendo 140 deputados e 18 senadores, representando assim 26,5% da bancada do Congresso (22% dos Deputados e 27% dos Senadores).
Dentre os nomes, estão ruralistas emblemáticos, como o ex-governador, e agora Senador, Blairo Maggi. O Presidente da Comissão de Meio Ambiente da Câmara é o Deputado ROBERTO ROCHA, do Maranhão, ligado aos pecuaristas, e que já declarou que colocará em pauta as questões polêmicas, como o Novo Código Florestal, e que seguirá a maioria, a despeito de haver uma minoria barulhenta e organizada (referindo-se aos ambientalistas). PAULO CÉSAR JUSTO QUARTIERO, do DEM-RO, foi eleito com contribuições declaradas dos arrozeiros roraimenses, a quem jurou defender - cunhado inclusive uma das frases emblemáticas do neoruralismo: "Vou defender quem? os venezuelanos? ou os marcianos?".
Apesar de concordar que a produção rural, o comércio e o desenvolvimento são importantes, devemos ter em mente a que custo, em todos os sentidos, implementaremos o progresso. Quando digo em todos os sentidos, é porque sabemos que a recuperação ambiental é onerosa, e dificilmente atinge os padrões anteriores de conservação ambiental. O desgaste do solo, a poluição do ar, a emissão de CO2, o assoreamento dos cursos d'água, a perda de permeabilidade do solo, a erosão, as queimadas, o desmatamento florestal e ciliar, tudo somado causa DANOS ECONÔMICOS REAIS E DIRETOS. Não estamos falando de prejuízos presumíveis ou colaterais, mas de perdas financeiras claras e imediatas. Já os danos ditos colaterais são maiores, e podem ser piores do que as estimativas. Ora, se o objetivo é o progresso, em seu sentido únicamente econômico, a opção pela produção não sustentável já é uma burrice desmedida. Se adicionarmos a isto as expectativas de ganho com os bônus referentes às emissões de Carbono, que poderão até ter algum sucesso futuro, os prejuízos ao Meio Ambiente redundam em mais perdas financeiras diretas.
Outro fator deteriorado junto com o Meio Ambiente é o Poder Nacional. Como? Especialistas em Política e Estratégia do mundo inteiro, dentre eles a Escola Supeior de Guerra brasileira, definem como Expressões do Poder Nacional as seguintes:
- Expressão Econômica;
- Expressão Militar;
- Expressão Científico-Tecnológica;
- Expressão Política;
- Expressão Psicossocial.
Além destas, a maioria incluiu como a sexta Expressão de Poder a EXPRESSÃO AMBIENTAL. Mesmo os especialistas em Política e Estratégia que discordam ser o Meio Ambiente uma Expressão autônoma do Poder Nacional, concordam que esta permeia as demais expressões, notadamente a Econômica, e influencia sobremaneira as demais. Ora, é da Expressão dos Poderes que as demais Nações do globo julgam a importância e o status geopolítico dos países analisados, quando querem realizar transações, fazer tratados ou inserir estes países em Organizações. O Brasil tem uma Expressão Ambiental notável, que projeta o Poder Nacional internacionalmente, e de uma maneira pacífica, simpática e agradável. Além disso, se verificarmos as doutrinas de Defesa vigentes no Brasil, veremos que ela depende em grande parte da existência de uma Floresta Amazônica densa, preservada, habitada por índios e ribeirinhos, com biodiversidade animal e vegetal. A Amazônia, por si só, é um importante fator dissuasório.
Arroz é bom, mas empapado por enchentes, esturricado por secas, impregnado de fumaça e infectado por doenças, convenhamos, é duro de engolir. Mas nem tanto quanto ruralistas. Mas vá lá. Podemos colocar um caldo MAGGI para melhorar. Né?

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